Dólar abre em leve queda nesta segunda-feira

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em leve queda nesta segunda-feira (24), enquanto o mercado aguarda a divulgação de dados econômicos nesta semana e novas notícias sobre os planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

 

Às 9h07, a moeda norte-americana caía 0,28%, cotada a R$ 5,7143. Na última sexta-feira (21), o dólar ficou estável na maior parte da sessão e se encaminhava para encerrar a semana com pouca oscilação, mas fechou com alta de 0,43%, cotada a R$ 5,729 após a notícia de que cientistas descobriram um novo coronavírus com potencial pandêmico na China.

Na semana passada, a moeda acumulou ganho de 0,58%, interrompendo sete semanas consecutivas de perdas semanais.

Já a Bolsa caiu 0,37%, aos 127.128 pontos, com as ações das Lojas Renner despencando 14,00% após anunciar lucro de R$ 487,2 milhões no quarto trimestre, abaixo das expectativas do mercado. Na semana, acumulou um declínio de 0,89%.

Pela manhã, a moeda americana tinha uma alta discreta e passou a ter leve baixa após falas do ministro da Fazenda Fernando Haddad sobre equilíbrio no orçamento e do diretor de política monetária do Banco Central, Nilton David, sobre as perspectivas para a inflação no país.

No entanto, por volta das 15h, o dólar consolidou alta após o mercado reagir a uma notícia do portal Daily Mail sobre a descoberta de um novo coronavírus na China, com potencial de transmissão entre humanos.

De acordo com o site, pesquisadores de Wuhan identificaram a nova cepa em morcegos.

“Essa notícia afetou não só o mercado local, mas também os mercados globais”, afirmou Patricia Krause, economista chefe Latin América da Coface.

De fato, a possível descoberta intensificou a valorização do dólar nos mercados globais na última semana. O DXY, que mede o desempenho da divisa dos EUA frente a uma cesta de moedas estrangeiras, subia 0,26% ao fim da sessão.

Além da divisa dos EUA, os treasuries, títulos do tesouro americano, também registraram ganhos, evidenciando o movimento de cautela.

Isso ocorre porque a moeda americana é amplamente considerada uma reserva de valor segura e os treasuries são considerados os títulos mais seguros do mundo.

Diante de uma notícia que pode gerar incertezas globais, investidores saem de capitais de ativos mais frágeis, como moedas de países emergentes, e migram em direção a economias e moedas mais sólidas, como o dólar e os treasuries.

Na avaliação de Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, até o momento, a notícia se baseia em rumores, e o mercado ainda aguarda mais informações para avaliar o real potencial de contágio e o impacto econômico dessa nova cepa.

“Precisamos avaliar a real ameaça desse novo vírus, entender seu potencial de disseminação e o nível de risco em escala global. Somente assim será possível determinar se o mercado continuará precificando essa incerteza ou se o dólar voltará a responder a outras variáveis econômicas”, afirma.

Segundo Moreira, a memória recente da pandemia de Covid-19 também pesa na reação antecipada do mercado. “Já sabemos quais foram os impactos então é natural que haja uma antecipação do mercado.”

A avaliação de Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos, segue a mesma tendência. Para ele, investidores adotaram uma postura de aversão ao risco, ou seja, mais cautelosa diante da notícia.
“Essa virada [no dólar] sem dúvida se deu com a notícia do novo coronavírus. Isso acabou contagiando o mercado brasileiro, com os investidores buscando maior segurança”, disse Viotto.

Na ponta doméstica, o mercado repercutiu uma entrevista concedida por Haddad ao ICL Notícias, nesta sexta, em que disse que um governo com Orçamento equilibrado é condição para o desenvolvimento sustentável do país, inclusive para levar a inflação e os juros para baixo.

“Nós temos um compromisso com a questão fiscal, fizemos o ajuste ano passado. O Orçamento pode ser aprovado com equilíbrio nas contas, é o que garante a sustentabilidade da economia brasileira no médio e longo prazo, um crescimento com inflação baixa, que é a nossa obsessão”, afirmou o ministro.

Sinalizações de compromisso com as medidas fiscais e equilíbrio nas contas públicas tendem a diminuir as preocupações do mercado com o governo.

Na sexta, o diretor de política monetária do Banco Central, Nilton David, disse que os próximos meses serão desafiadores para a inflação.

Em evento do Bradesco BBI David, David disse que a inflação deve piorar no acumulado em 12 meses antes de melhorar.

“A gente entende que os próximos meses vão ser desafiadores, a inflação de 12 meses vai piorar antes de melhorar”, avaliou, prevendo que não deve haver uma inflexão do índice de preços nos próximos meses.

Para o diretor, esse cenário para a inflação corrente não ajuda no processo de melhora das expectativas de mercado, que são levadas em conta pelo BC nas decisões da política de juros.

O diretor afirmou ainda que os movimentos recentes do dólar, que se valorizou fortemente frente ao real no fim de 2024 e perdeu força no início deste ano, não se deu somente no Brasil, avaliando que “o pivô mesmo foi lá fora”.

“[O BC] não pode imaginar que resolveu o problema dele com algumas semanas de alteração no preço do câmbio. A primeira linha de defesa é separar ruído do que é tendência”, afirmou, ponderando que o dólar está em um momento historicamente valorizado contra o resto do planeta.

Na ponta internacional, os investidores repercutiram os planos tarifários dos Estados Unidos, as incertezas geopolíticas e a trajetória da taxa de juros do Fed (Federal Reserve, banco central americano), diante de um acordo comercial entre EUA e China, além de um cessar-fogo na Guerra da Ucrânia.

O vice-primeiro ministro da China, He Lifeng, falou por meia hora com o novo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, e manifestou a ele sérias preocupações em relação às recentes tarifas dos EUA e outras medidas restritivas impostas à China.

Até agora, a China foi o único país que sofreu o início das imposições tarifárias de 10% sobre todos os produtos que entram nos EUA. Outras medidas foram adiadas ou estão distantes para entrarem em vigor.

Os agentes financeiros mudaram a percepção sobre o novo governo dos EUA, que completou um mês nesta quinta. Antes, predominava a visão de que as medidas prometidas por Trump seriam inflacionárias para os EUA.

Agora, os mercados avaliam que as ameaças são mais uma tática política de negociação do que um plano concreto, o que provoca fortes perdas para o dólar neste início do ano.

Ainda na cena estrangeira, o mercado seguiu na expectativa por um cessar-fogo na Guerra da Ucrânia após negociações entre Estados Unidos e Rússia. Um ponto final no conflito traria menos incertezas geopolíticas e comerciais aos investidores.

A perspectiva do fim do conflito, que completa três anos nesta segunda-feira (24), tem piorado nos últimos dias depois que Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, passaram a trocar críticas e insultos, dificultando um acordo, o que também explicaria o movimento de cautela nos mercados.

O conflito tem influenciado as decisões os agentes financeiros nos últimos três anos, principalmente devido a seu impacto em preços de commodities, como grãos e petróleo.

Um fim negociado para a guerra seria bem recebido pelos investidores, que teriam um fator de volatilidade a menos a ser ponderado em suas decisões.

Na semana passada, autoridades norte-americanas e russas se reuniram a capital saudita, Riad, para suas primeiras conversas sobre o fim da guerra na Ucrânia.

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