SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Filipe Toledo é sincero ao afirmar que não sentiu “saudade nenhuma do circuito” em 2024. Bicampeão mundial de surfe nas temporadas 2022 e 2023, o paulista se afastou das competições no ano passado -abrindo uma exceção para os Jogos Olímpicos, nos quais parou nas oitavas de final- e descansou.
“Era exatamente do que eu precisava”, resumiu. “Depois de dois campeonatos, dois anos intensos, buscando o título e conseguindo, eu vi que era a hora perfeita para eu descansar. Foi um ano bom, porque aproveitei bastante em casa. Aproveitei para ser um ser humano normal, não um atleta profissional. Fui um pai, um filho, como qualquer outro no mundo.”
O afastamento não foi por depressão, condição que Filipe enfrentou anteriormente. Ele só precisava mais tempo com a mulher e os filhos, cuja companhia desfrutou alegremente. Nem tão alegremente, deu atenção ao que chamou de “lado business”.
O brasileiro firmou uma parceria com a rede de restaurantes de comida havaiana Let’s Poke, que está abrindo uma filial em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Ele tem ainda uma porcentagem nas vendas das paçocas Pasokin e um acordo comercial com a fabricante de pranchas Sharp Eye.
“Foi um ano em que eu trabalhei muito fora do surfe, na minha vida pessoal, na minha vida como empreendedor também. Foi muito trabalho. Eu falei: ‘Caraca, saí para descansar e aqui estou eu, trabalhando igual a um doido’. Foi bom organizar essa parte, aprendi bastante”, afirmou. “Mas é aquela coisa, o nosso lado competidor está sempre aqui, a competição corre na veia.”
De volta ao circuito, Toledo iniciou nesta semana sua campanha no Mundial, nas míticas ondas de Pipeline, em Oahu, no Havaí. Venceu sua primeira bateria e avançou diretamente ao mata-mata, que deverá ter início no fim de semana -a transmissão do campeonato para o Brasil é feita pelo SporTV, pelo ge e pelo site da WSL (Liga Mundial de Surfe, na sigla em inglês).
Está na briga pelo título da temporada apenas um surfista que já foi campeão nesta década, o próprio Filipe. O brasileiro Gabriel Medina, vencedor em 2021, teve de passar por cirurgia no ombro esquerdo e está fora. O havaiano John John Florence, que triunfou em 2024, anunciou que é sua vez de fazer uma pausa: vai surfar pelo mundo, sem competir, produzindo rentável material audiovisual.
“Obviamente, o Gabriel e o John John se destacaram nos últimos dez anos, são tricampeões. Mas isso não muda o fato de que a gente tem sempre de estar atento. Tem uma garotada nova, uma galera que se destaca, o Jack [Robinson, australiano], o Griffin [Colapinto, norte-americano], acho que o Yago [Dora, brasileiro] é um grande nome para este ano. Enfim, tem uma galera que vai dar trabalho, vai ser divertido”, previu.
E diversão é tudo o que quer o paulista de 29 anos no atual ponto de sua carreira. Ele é competitivo e promete brigar pelo título, mas estabeleceu como meta manter a leveza em meio às duras exigências do circuito.
“Minha prioridade neste ano é me divertir bastante, curtir, pegar onda. Se tudo der certo e acontecer de eu estar na final, show de bola, mas quero curtir bastante, aproveitar o circuito. Preciso pagar o ritmo de competição, e é óbvio que a gente sempre tem o título mundial como objetivo, mas meu objetivo é ser feliz.”