Com recordes alarmantes de casos de dengue em todo o país, a preocupação se volta especialmente para os públicos com maior fragilidade, que são os bebês e os idosos. No caso dos menores de dois anos, que geralmente ainda não sabem se comunicar, o olhar atento dos pais e responsáveis precisa ser redobrado. A médica pediatra Juliana Okuyama, do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), destaca alguns pontos de atenção, para um diagnóstico e tratamento oportunos, evitando assim o agravamento dos sintomas.
“Os sinais de dengue são febre, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor no corpo, vômito, diarreia e manchas vermelhas na pele, que geralmente aparecem por volta do quarto ao quinto dia da doença. Como os bebês não sabem ainda falar, é importante estar alerta para alguns destes sintomas e ficar atento se o bebê está mais choroso ou apresenta mudança de comportamento, além da presença da febre”, explica.
Os sintomas da dengue são comuns a outras infecções virais benignas na infância e é necessário um olhar atento do pediatra. Os sinais de gravidade e que exigem avaliação médica imediata são vômito persistente, dor abdominal, pele fria e pálida, sonolência ou agitação, sangramento, diminuição da urina e dificuldade para respirar.
De acordo com a especialista, para o diagnóstico até o terceiro dia do início dos sintomas pode ser realizado um teste rápido de sangue (NS1 dengue) e o hemograma, que apresentam alterações típicas da doença e podem auxiliar na confirmação. Uma vez diagnosticada a dengue, a criança deve fazer acompanhamento clínico e laboratorial a cada 48 horas até plena recuperação.
“O tratamento, no caso dos bebês, geralmente inclui as medicações para controle da febre, do vômito e hidratação calculada de acordo com o peso da criança. Do volume total de hidratação, 1/3 será dado com soro de hidratação oral. Uma dica pra melhorar a aceitação desse soro é fazer picolé ou gelatina sem sabor”, sugere.
A médica ainda alerta que, sob nenhuma hipótese, em caso de suspeita de dengue, deve-se administrar medicamentos anti-inflamatórios. “Jamais usar o ibuprofeno, que pode aumentar o risco de sangramento”, explica. Por isso, o importante é não tentar amenizar os sintomas por conta própria, mas, sim, com a ajuda e a orientação de uma equipe médica.
A recuperação ocorre por volta de sete dias com resolução completa dos sintomas e melhora dos exames laboratoriais. Quando o tratamento é instituído oportunamente, não há sequelas.
Prevenção
Diante deste cenário, a melhor alternativa é prevenir para que os pequenos não sejam picados pelo mosquito transmissor (Aedes aegypti). A pediatra sugere repelentes conforme a faixa etária:
A partir de dois meses – repelente a base de icaridina, com baixa concentração do produto (10%), com reaplicação conforme orientação do fabricante.
A partir de seis meses – repelente a base de IR3535 (etil butilacetilaminopropionato), que deve ser reaplicado a cada 4 horas.
A partir de dois anos – repelente a base de DEET (N,N-Dietil-m-toluamida), com baixa concentração do produto (10%), com reaplicação conforme instruções da embalagem.
“Outras medidas de proteção são telas em portas e janelas, uso de repelentes de ambiente contendo citronela, como velas e óleos aromáticos. Roupas longas que protegem maior parte do corpo do bebê, quando possível”.
Vacina
Recém criada, a vacina contra a dengue, por enquanto, é liberada para a faixa etária de 4 a 60 anos e baseia-se em estudos de eficácia e segurança. Por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) está disponível nos postos de saúde para crianças com idade de 10 a 14 anos. No entanto, na rede particular é possível vacinar outras faixas etárias.
“O esquema vacinal completo inclui duas doses, porém, a primeira já atinge 80% de proteção. A vacina é contraindicada para gestantes, lactantes, pessoas com imunodeficiência primária ou adquirida e para pessoas que tenham tido reação de hipersensibilidade à dose anterior”, orienta.