Com IA e videogames, Microsoft se consolida como maior do mundo após balanços

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os balanços desta semana confirmaram a consistência do mercado de consumo americano e a tração dos avanços de inteligência artificial sobre a performance de seis das sete gigantes da tecnologia -Microsoft, Apple, Amazon, Nvidia, Google e Facebook, ordenados por avaliação de mercado. A Tesla já havia anunciado resultados em 24 de janeiro

Os números divulgados dão margem segura à Microsoft na liderança do ranking de empresas mais capitalizadas do mundo.

Os papéis da companhia, em uma alta diária de 2%, eram negociados a mais de US$ 411 nesta sexta-feira (2), o que garantia uma avaliação de US$ 3,04 trilhões (R$ 15 trilhões) -cerca de duas vezes o PIB do Brasil.

A empresa já havia ultrapassado o patamar dos US$ 3 trilhões no último dia 24.

No último trimestre do ano passado, a receita da criadora do Windows subiu 18%, a US$ 62 bilhões, em um ritmo inédito desde 2022, segundo balanço divulgado na quarta (30), após o fechamento da Bolsa.

As expectativas eram tamanhas, que na quinta (1º) os papéis da empresa se desvalorizaram, tendência revertida nesta sexta, quando as ações da companhia fecharam em valor recorde.

Em 2023, a Microsoft avançou em diversas frentes: selou a parceria com a criadora do ChatGPT, OpenAI, mostrou o peso dos serviços de nuvem, como o Azure, e superou os riscos regulatórios ligados à aquisição do estúdio de videogames Activision Blizzard, por US$ 68,7 bilhões.

Além da alta nos ganhos em 24% na área de serviços de nuvem com o Azure, a receita da empresa com videogames cresceu 60%, dos quais 55% estão ligados à compra da Activision Blizzard.

“Esse resultado em videogames funciona como uma cereja do bolo”, diz o analista-chefe da corretora Investing.com, Thomas Monteiro. “A Microsoft cresce muito rápido e também diversifica receitas e isso é fundamental em momentos de incerteza futura”, afirma.

As empresas de tecnologia também colhem frutos das demissões para enxugar os gastos feitas desde o ano passado.

Nessa área, o maior exemplo de sucesso é a Meta, cujos papéis dispararam mais de 20% nesta sexta, com alta de mais de US$ 200 bilhões (R$ 989 bilhões) em seu valor de mercado. A dona do Facebook anunciou seu primeiro dividendo e resultados robustos na quinta.

Alguns dias antes do 20º aniversário do Facebook, a companhia aprovou um adicional de US$ 50 bilhões em recompras de ações e disse que seu dividendo trimestral seria de US$ 0,50 por ação.

A gigante das redes sociais é a primeira de sua geração de gigantes da internet a pagar dividendos, e a quarta das chamadas “Magnificent Seven”, de acordo com dados da LSEG.

“O retorno de dinheiro aos acionistas é uma medida ousada e bem-vista”, afirmou Sophie Lund-Yates, analista de ações da Hargreaves Lansdown, à agência Reuters.

O plano de dividendos significará um grande pagamento para o CEO Mark Zuckerberg, que possui cerca de 350 milhões de ações Classe A e Classe B da Meta. O cofundador do Facebook poderá receber cerca de US$ 175 milhões a cada trimestre.

A medida veio em um ano duro para o mercado de anúncios, primeiros gastos a serem cortados em um contexto de crédito caro e juros altos, de acordo com Monteiro, da Investing.com.

A empresa ainda assim apresentou bons resultados com cortes de gastos e abriu espaço para encampar investimentos robustos em inteligência artificial e metaverso.

Depois da Nvidia -a grande empresa mais impulsionada pela corrida por inteligência artificial-, a Meta foi a big tech que mais cresceu nos últimos 12 meses, com uma valorização de 165%.

Os resultados da Amazon divulgados nesta quinta também alavancaram os preços das ações em 6,6% nesta sexta.

O chefe-executivo da Amazon, Andy Jassy, disse na conferência de anúncio dos resultados que as receitas de IA alcançarão “dezenas de bilhões” no futuro, ajudando as ações da empresa a obter mais ganhos, mesmo depois de terem subido cerca de 50% no último ano.

As ações da Amazon tiveram alta de 55% nos últimos 12 meses, apesar da estratégia da empresa de manter as margens de lucro baixas de maneira intencional, para aumentar a competitividade.

No momento, os alertas do mercado se voltaram para a dona do Google, Alphabet, e a fabricante do iPhone, a Apple.

As vendas de publicidade da Alphabet durante a temporada de férias ficaram aquém das expectativas de Wall Street e ofuscaram os investimentos da gigante de tecnologia em inteligência artificial e nuvem.

Neste contexto, a Alphabet registrou receitas de US$ 65,5 bilhões (R$ 325 bilhões) no quarto trimestre, enquanto analistas estimavam, em média, US$ 66,1 bilhões (R$ 303 bilhões), de acordo com dados da LSEG. Um ano antes, a receita havia sido de 59,0 bilhões (R$ 293 bilhões).

A Alphabet tem enfrentado forte concorrência por orçamentos publicitários de outras plataformas online, como Facebook, Instagram, TikTok e Amazon.com, em um cenário financeiro traiçoeiro com juros altos.

A receita geral para o trimestre encerrado em 31 de dezembro foi de US$ 86,3 bilhões (R$ 428 bilhões), ante estimativas de US$ 85,3 bilhões (R$ 423 bilhões), segundo dados da LSEG.

A Apple também despertou desconfiança, após anunciar seus resultados, embora esses fossem positivos. A fabricante superou as expectativas dos analistas com impulsos de sua divisão de serviços e de vendas de iPhones. Continua, pórém, a ser assolada por preocupações sobre queda de desempenho na China.

As receitas da Apple foram de US$ 119,6 bilhões (R$ 590 bilhões) para o trimestre até o final de dezembro, um aumento de 2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Os números superaram as estimativas de consenso de US$ 118,3 bilhões (R$ 583,7 bilhões), de acordo com a S&P Capital IQ, o que interrompe uma sequência de quatro trimestres de receita em declínio.

O chefe-executivo Tim Cook creditou as vendas de iPhones, que aumentaram 6% para US$ 69,7 bilhões (R$ 343,9 bilhões), e um “recorde de receita de todos os tempos em serviços”, ao número recorde de dispositivos Apple -mais de 2,2 bilhões.

As receitas com App Store, iCloud, Apple Pay e Apple TV registraram US$ 23,1 bilhões (R$ 114 bilhões) no trimestre, um aumento de 11% em relação aos US$ 20,7 bilhões (R$ 102 bilhões) do ano anterior.

As vendas para a China, contudo, caíram para US$ 20,8 bilhões (R$ 103 bilhões), em comparação com US$ 24 bilhões (R$ 118 bilhões) no mesmo trimestre do ano anterior. Pesam nisso as tensões geopolíticas entre Pequim e Washington e a ressurgência da Huawei, com sistema operacional e chips novos.

O mercado agora espera o anúncio dos resultados da Nvidia, programado para 22 de fevereiro. A empresa, atualmente avaliada em US$ 1,52 trilhão, teve valorização de mais de 200% nos últimos 12 meses.

“A área de chip mostra um padrão que a empresa que detém a tecnologia de ponta domina sempre cerca de dois terços do mercado, e a Nvidia está lucrando com isso”, diz Monteiro.

A empresa é, no entanto, considerada o investimento de maior risco, por analistas, visto que sua disparada está intimamente ligada ao entusiasmo com inteligência artificial.

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