Caso Bruno Henrique: o que falta esclarecer e quais são os próximos passos

Suspeito de participar de um esquema de manipulação de resultados chamado “mercado de cartões”, o atacante Bruno Henrique não foi afastado pelo Flamengo e continua atuando normalmente pelo clube carioca, que aguarda os próximos desdobramentos do caso para reavaliar a decisão. O jogador de 33 anos, que escolheu não se manifestar, está sendo investigando pela Operação Spot-fixing, do Ministério Público (MP) e da Polícia Federal (PF), e pode responder por crime contra a incerteza do resultado esportivo, cuja conduta está tipificada na Lei Geral do Esporte, com pena de dois a seis anos de reclusão.

 

O MP e a PF avaliam relatórios feitos por casas de apostas e documentos coletados durante busca e apreensão, inclusive na casa de Bruno Henrique e no CT do Flamengo, para decidir se o material é suficiente para justificar uma denúncia. Caso existam evidências de que participou de um esquema ilegal, o atleta terá de responder criminalmente.

Além disso, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) também será acionado, para que ele responda no âmbito esportivo. Em nota sobre a investigação, o Flamengo informou que uma situação semelhante já havia sido alvo de apuração do STJD, que decidiu arquivar o caso. “Não tem como afirmar que se trata do mesmo caso e aguardará o desenrolar da investigação”, informou o clube.

O atacante também deve ser chamado para prestar depoimento à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. Presidente da Comissão, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) apresentou um requerimento de convite ao jogador. No documento, Girão diz que a participação do atleta “permitirá a elucidação de diversos aspectos relacionados ao objeto de investigação da presente Comissão”.

Bruno Henrique está sendo investigado por causa de cartões amarelos recebidos na derrota por 2 a 1 em duelo com o Santos, no segundo turno do Brasileirão de 2023, sob a suspeita de ter recebido as advertências propositalmente para favorecer amigos e familiares que apostaram que ele receberia cartão. Já nos acréscimos, aos 50 minutos do segundo tempo, o atacante cometeu uma falta em Soteldo, que segurava a bola no ataque. O árbitro Rafael Klein deu amarelo ao atacante.

Na sequência, o flamenguista se revolta com Klein. Na súmula, o juiz relatou que o atacante o ofendeu com o dedo em riste apontado para seu rosto. “Você é um m****”, disse o atleta, segundo o documento da partida. “Após ser expulso, o atleta veio em minha direção, sendo contido pelos companheiros. Informo que me senti ofendido”, relatou Klein.

A operação partiu de denúncias das próprias casas de apostas, que notaram atividades suspeitas. As notificações foram feitas à Associação Internacional de Integridade de Apostas (Ibia, na sigla em inglês), que monitora casos suspeitos ao redor do mundo e produz relatórios que auxiliam em investigações. O atleta não se manifesta.

Foi a partir de um desses documentos que a Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) começou a acompanhar o caso e notificou a Polícia Federal. Trata-se de um caso em que as empresas de apostas são impactadas por ação do suposto esquema.

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