O termo, que até pouco tempo atrás era muito técnico e desconhecido pela maioria das pessoas, tem se tornado mais popular com a divulgação de casos de filhos de famosos com cardiopatia congênita. A condição, classificada pela malformação do coração ou dos vasos sanguíneos próximos, afeta 10 a cada 1.000 nascidos vivos, cerca de 30 mil crianças por ano, de acordo com o Ministério da Saúde.
Por causa das complicações, as cardiopatias congênitas são responsáveis por cerca de 8% dos casos de mortalidade infantil no Brasil. Destes, aproximadamente 30% dos óbitos ocorrem no período neonatal precoce (de 0 a 6 dias de vida) e em torno de 6% acontecem antes de a criança completar um ano de vida. Entretanto, os dados podem estar subestimados devido à falta de diagnóstico da doença.
“A anomalia cardíaca pode ser detectada ainda durante a gestação, por meio do ecocardiograma fetal, realizado entre 21 e 28 semanas. No entanto, muitas vezes, só é descoberta após o nascimento, às vezes, depois que o Teste do Coraçãozinho é feito na maternidade ou mesmo após a alta hospitalar. Desde 2014, o exame passou a ser obrigatório, sendo disponibilizado, inclusive, pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica a Dra. Ieda Biscegli Jatene, líder médica da Cardiologia Pediátrica do Hcor.
Diferentes tipos de cardiopatias congênitas podem ser diagnosticados. Ainda que existam casos que não necessitam de tratamento, que podem apresentar cura espontânea, a maioria requer cirurgia. “Em torno de 80% das crianças cardiopatas precisam ser operadas em algum momento da vida, sendo metade delas no primeiro ano de vida. Sem o tratamento adequado, elas podem ter uma baixa qualidade de vida, com limitações para desenvolver atividades simples do cotidiano, como andar, brincar e praticar atividade física compatível com a idade”, revela.
Mesmo com a intervenção apropriada, o prognóstico ainda dependerá do tipo e da gravidade da cardiopatia congênita. “Entre as sequelas mais comuns, estão insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar, dificuldades cognitivas e/ou físicas. Para ajudar com essas questões, é possível também recorrer a tratamentos complementares, como os de reabilitação física e/ou cognitiva”, esclarece a especialista.
O que causa a cardiopatia congênita
Além da herança genética, existem condições maternas que podem aumentar a incidência de cardiopatia congênita, como diabetes mellitus, hipertensão arterial, lúpus, infecções como a rubéola e a sífilis, uso de medicamentos e drogas.
“Quando a mulher é cardiopata ou já tem um filho também com a enfermidade, a chance de ela gerar outra criança com alterações cardíacas aumenta”, alerta a Dra. Ieda Jatene.