Cantor sertanejo é preso sob suspeita de assassinar dentista no interior de São Paulo

O cantor sertanejo João Vitor Malachias, de 40 anos, investigado por suposto envolvimento na morte de sua ex-namorada, a dentista Bruna Angleri, da mesma idade, em Araras, interior de São Paulo, foi preso na noite deste domingo, 8, em Ribeirão Preto, também no interior. Ele teve a prisão temporária decretada e, durante perseguição da polícia, percorreu 32 km em fuga a pé pelos canaviais da região. Malachias alega inocência.

A dentista foi encontrada morta em sua casa, na manhã do dia 27, pela sua mãe, que estava preocupada com a falta de notícias dela. O corpo estava sobre a cama, parcialmente carbonizado. Exames preliminares apontaram fraturas em ossos da face, indicando que a mulher foi violentamente agredida antes de ser morta.

Não havia outras pessoas no imóvel, em um condomínio de alto padrão, mas a bolsa e o celular dela não foram encontrados.

Nesta segunda-feira, 9, a Polícia Civil de Araras confirmou que os ferimentos no rosto da dentista Bruna Angleri foram causados pelo disparo de uma arma de fogo. Segundo a investigação, o corpo teria sido incendiado para ocultar o crime. Uma pistola 9 mm foi apreendida com um amigo do cantor João Vitor Malachias. A perícia que será realizada na arma pode confirmar se o disparo que atingiu o rosto da vítima foi feito com essa pistola.

A dentista estava divorciada e, após a separação, manteve relacionamento de alguns meses com o cantor Malachias. Segundo a Polícia Civil, ele não teria se conformado com o fim do namoro. Em agosto deste ano, o sertanejo invadiu a casa da dentista e quebrou vários objetos. A mulher obteve uma medida protetiva contra ele. Ouvido na condição de suspeito, o ex-namorado alegou inocência e foi liberado.

A Polícia Civil informou que indícios e provas do possível envolvimento dele no crime levaram a justiça a decretar sua prisão.

O cantor chegou a ser perseguido pela Polícia Militar na Rodovia Anhanguera, na noite de sexta-feira, 6, mas abandonou o carro e fugiu por um canavial, em Cravinhos. Durante a fuga, ele fez postagens em sua rede social, alegando que iria se entregar à polícia.

No texto, ele disse que sua família estava sendo ameaçada. “Desde o dia que prestei depoimento venho sendo ameaçado de várias formas. Não podia mais sair na rua ou ficar na minha casa, pois minha família estava correndo risco de vida”, postou. Ele disse ter ficado sabendo do pedido de prisão através das redes sociais “já que nem meu advogado tem acesso a isso”. As postagens foram apagadas posteriormente.

Malachias foi preso no domingo à noite por policiais civis. Ele foi encontrado em um posto de combustíveis no km 303 da Anhanguera, em Ribeirão Preto. Segundo os agentes, o suspeito esperava uma carona para fugir para o Estado de Goiás. O cantor passou a noite preso e seria apresentado nesta segunda-feira, 9, a um juiz para audiência de custódia.

O advogado de defesa do cantor, Wagner Moraes, disse que, por se tratar de processo em segredo de Justiça, não poderia dar detalhes, mas destacou que seu cliente alega inocência.

“Já no primeiro dia ele se apresentou, prestou depoimento, disse onde e com quem estava quando teria havido o fato e entregou seu celular à polícia para ser averiguado. Como havia grande comoção e ele estava sendo ameaçado de várias formas, ele tentou sair da cidade, pois até então não havia saído a prisão provisória”, disse.

Segundo o advogado, outras manifestações sobre o caso serão dada “exclusivamente nos autos, uma vez que o processo encontra-se em segredo de Justiça”. Já o advogado Daniel Salviato, contratado pela família da dentista para acompanhar o caso, disse que a prisão do suspeito traz mais tranquilidade à família e à sociedade.

O assassinato da dentista, que além de outros familiares deixou um filho de 6 anos, chocou a cidade de 130 mil habitantes. Ela era também coordenadora do curso de pós-graduação em uma universidade de Araras. No último dia 1º, amigos, familiares de Bruna e moradores realizaram uma manifestação na cidade pedindo paz e justiça. O ato foi encerrado em frente à delegacia da Polícia Civil.

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