Bahia de Ceni e Botafogo dão aula do que não fazer na reta final da Série A

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Mesmo em extremos diferentes da tabela, Bahia e Botafogo escrevem até a 37ª rodada uma cartilha do que não fazer na reta final do Brasileiro.

Se um viu sucumbir a chance iminente de título, em um derretimento inédito no Brasileiro de pontos corridos, o outro tem desperdiçado chances de ouro de sair da zona de rebaixamento e tem grandes possibilidades de ser o quarto a cair para a Série B de 2024.

Não por acaso, o técnico do Bahia, Rogério Ceni, disse depois da derrota para o lanterna América-MG que estava “envergonhado pelo trabalho”. E olha que o time, dois jogos atrás, fez 5 a 1 no Corinthians. Já o atacante Diego Costa evitou rodeios e disse que “faltou humildade” ao Botafogo.

A AULA DO QUE NÃO FAZER

Levar gol nos últimos minutos.

Desde a última vitória, sobre o América-MG, aconteceu várias vezes na série de 10 jogos sem vencer do Botafogo: contra Coritiba, Palmeiras, Santos e Red Bull Bragantino. O Bahia sofreu com isso em menor escala, mas foi dolorida a derrota para o São Paulo, em plena Fonte Nova, com gol sofrido aos 52 minutos do segundo tempo. Se tivesse segurado o empate, o time estaria nesta segunda-feira (04) fora da zona de rebaixamento.Não segurar vantagens
O time abre o placar. A vantagem é até confortável. Mas aí o adversário vem para cima e lá se vão pontos preciosos.

O Botafogo entregou jogos em alta escala. Os mais absurdos foram contra Palmeiras e Grêmio. Em ambos, chegou a abrir 3 a 1, mas perdeu por 4 a 3. Detalhe é que diante o Palmeiras ainda perdeu um pênalti e poderia ter ampliado para 4 a 1, aos 37 minutos do segundo tempo.

O Bahia levou a virada do América-MG, nesta domingo (03) (3), sustentando o 1 a 0 só por três minutos. Contra o Athletico, já na 34ª rodada, levou empate aos 42 do segundo tempo.Perder pontos para times rebaixados

O Botafogo empatou com o Coritiba e Goiás, este já na derrocada com Bruno Lage. O Bahia, por sua vez, perdeu para o América-MG, lanterna.Abatimento psicológico

O time entra em campo e não rende. Muda o esquema, tem apoio da torcida, até joga de forma segura. Mas a sensação é que alguma coisa vai dar errado. Some-se a isso um jejum de 28 anos e o resultado é o Botafogo atual.

Desde que perdeu o primeiro jogo em casa, para o Flamengo, a queda foi gradativa, até atingir a falta de confiança atual. O torcedor tem sido torturado ao ver o time desmanchar e perder pontos com requintes de crueldade.

No caso do Bahia, o time chegou a passear fora da zona de rebaixamento, mas acumula quatro derrotas nos últimos seis jogos. E não consegue ultrapassar os concorrentes mais próximos, Vasco e Santos.

É muito mais mental do que cansaço. Nos últimos jogos tivemos um intervalo maior, mas acho que está muito relacionado ao mental. Essa situação é muito do lado psicológico. É a única coisa que eu posso explicar. O gol que sofremos no final contra o São Paulo retrata bem isso. Rogério Ceni, técnico do Bahia

DO TÍTULO AO FIASCO

O Botafogo atingiu no empate contra o Cruzeiro o décimo jogo sem vencer no Brasileirão. São quatro empates seguidos, todos com enredo de sofrimento.

Curiosamente, o Botafogo não levou diante do time mineiro um gol nos minutos finais. Mas longe de haver um olhar otimista no clube, que não só viu a chance de título acabar como ainda perdeu espaço no G4.

Um olhar mais detalhado para a fala de Diego Costa aponta para um elenco que se deslumbrou com o primeiro turno histórico, mas sucumbiu tecnicamente e psicologicamente.

“Faltou um pouco de maturidade, humildade, saber que o campeonato só acaba depois do último jogo. (…) Ficar 10 jogos sem ganhar não é admissível para o Botafogo. Isso foi culpa dos jogadores. Tem que ser homem quando as coisas vão mal. Quando está ganhando, é muito fácil ter o oba-oba”.

VAI DAR PARA O BAHIA?

O que piora o cenário para o Bahia é enfrentar na última rodada um Atlético-MG que é o melhor time do returno. As chances de título do rival são remotas, é verdade, por causa do saldo de gols, mas o Galo precisa confirmar o lugar no G4 e a vaga direta na Libertadores. Por isso, vai levar o jogo em Salvador muito a sério.

O time de Felipão ainda tem o atual artilheiro do Brasileirão, Paulinho, em ótima fase, para complicar ainda mais a vida do Bahia. Com 41 pontos, o tricolor baiano precisa secar Santos ou Vasco, que têm 43 e 42 pontos, respectivamente.

“Não sou da área da psicologia. O que posso fazer é incentivar meus atletas, mostrar o melhor caminho para o jogo e cobrar no sentido da melhora. Temos que saber que ainda há a chance de um triunfo e trabalhar em cima dele. Não temos como mudar o estado psicológico em dois dias, temos que tentar conviver com essa derrota e tentar fazer um resultado melhor do que Vasco e Santos na próxima rodada”, disse Rogério Ceni.

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