SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No último fim de semana, Bruno Fagundes, 35, virou notícia pelo fato de ter anunciado o rompimento de uma relação de quase dois anos com o também ator Igor Fernandez, 27. O término aconteceu em abril, e desde então ele evitava falar sobre o assunto, queria manter a discrição. Bruno afirma que ainda não conseguiu se acostumar com o interesse das pessoas por sua intimidade.
Nada anda fácil na vida do filho de Antonio Fagundes, um dos maiores e mais respeitados artistas do país. Os trabalhos rarearam -seja nos palcos, no cinema ou na TV. “Espero que não tenha rolado homofobia por não me escolherem. Seria absurdo”, diz ao F5.
Bruno contou aos pais (e ao mundo) sobre sua orientação sexual em 2022, quando vivia o tóxico Renan em “Cara e Coragem” (Globo). A partir daí, não recebeu mais chances; os convites sumiram.
Ele conta que a questão não é escolher o projeto dos sonhos -o sonho agora é trabalhar. “Não existe papel grande ou pequeno. É engraçado que as pessoas acham que eu escolho ou não fazer novela por ser filho do Fagundes, e isso nunca foi verdade”. Confira trechos da entrevista abaixo.
Pergunta – Pensa em voltar com a peça ‘A Herança’, vencedora de vários prêmios?
Bruno Fagundes – Nesse momento esse retorno ainda é embrionário. Tenho a sensação de que houve um coito interrompido, se é que posso usar esse exemplo. Era um espetáculo que agradava muito, fizemos muitos espectadores em nove meses que ficamos em cartaz. Eram 13 atores, 27 pessoas ao todo na equipe, coordenadas por mim e outra pessoa. Era uma estrutura de musical, mas com grana de peça alternativa. No final de 2023, tivemos de parar.
P. – E agora
B. F. – Decidimos que só vamos retornar quando tivermos um aporte e um patrocínio bons. Mas até hoje não consegui. Apesar de a Lei Rouanet ser eficiente, é difícil o projeto ser aprovado, pois empresas consideram menos interessantes peças de prosa que não sejam blockbusters. Mas não desisto.
P. – Quais seus planos este fim de 2024 e a temporada de 2025?
B. F. – Vou estrear em São Paulo outra peça em março de 2025 de nome ‘Intervenção’, com texto de um autor inglês. Será com a Bianca Comparato. Para esse trabalho, não precisaremos de muita grana para bancar, o texto tem 50 minutos. Trata-se de dois amigos, que são apaixonados um pelo outro. Aborda posse, ciúme, limites de uma relação e tem outras camadas. Uma delas é a política e a polarização. Também fala sobre vício. No enredo, um ajuda o outro com uma grande virada no final.
P. – Recentemente, você reclamou da falta de oportunidades na TV.
B. F. – O que falei foi que o mercado como um todo está escasso, não temos uma indústria bem definida. Os streaming estão secos, fomos impactados pela greve dos EUA. Tenho a impressão de que as plataformas não atingiram seu potencial no Brasil ainda. Isso reduz as possibilidades. E na TV só temos a Globo praticamente produzindo novelas num volume maior. Se você não está na Globo, não está em lugar nenhum e isso é cruel. Não tem emprego para todos nós.
P. – Sua última novela foi “Cara e Coragem”. Por que não atuou mais?
B. F. – Não fiz nenhum teste esse ano de 2024, acredita Eu e mais 90% dos atores. Falando com mais pessoas, de produção executiva à [produção] de elenco, elas dizem que está tudo meio parado. Por isso que não posso escolher. Qualquer personagem é personagem nessa altura do jogo. Não existe papel grande ou pequeno. É engraçado que as pessoas acham que eu escolho ou não fazer novela por ser filho do Fagundes e isso nunca foi verdade. São 16 anos de carreira. Muitos presumem que integro o fenômeno ‘nepobaby’, mas nunca foi uma realidade.
P. – Há cerca de 2 anos você se assumiu gay e, de lá para cá, não atuou mais na TV. Acha que tem relação?
B. F. – Não sei, pois eu sou eu, só estou simplesmente vivendo minha vida, e viver com plenitude não é performar uma falsa heteronormatividade, uma mentira. Agora, se outras pessoas decidem não me escalar, isso é um problema sobre elas e, diga-se, um problema grave que deveria ser corrigido. Mas não sei dizer, espero que não tenha rolado homofobia por não me escolherem. Seria absurdo.
P. – Como foi para você revelar sua orientação sexual?
B. F. – Isso foi a pauta do meu ano em 2023. Para você, falarei pela última vez sobre isso, pois o assunto precisa se mover. Não conheço uma história que tenha sido fácil, pois vivemos numa sociedade com estruturação de um pensamento de opressão. Meus pais [Antonio Fagundes e Mara Carvalho] fizeram parte dessa estrutura como todos nos fazemos. Mesmo eles tendo a cabeça mais aberta, foi desafiador.
P. – O que lembra daquele momento?
B. F. – Eu não tinha vocabulário emocional, era jovem, 15 anos. Claro que foi desconfortável, eu mesmo tentava compreender tudo. Teve uma confusão, medo de rejeição, passei por todos esses sentimentos comuns. Nem tudo foram flores, não recebi uma aprovação imediata deles, apesar de hoje entenderem e as feridas terem sido curadas. Desde então, nossa relação evoluiu muito.
P. – Você acaba de contar que terminou seu relacionamento com Igor Fernandez. Por que decidiu falar só agora
B. F. – Terminamos em abril. Uma vez que você abre sua vida pessoal, começa a ter de evidenciar todos os passos. Fomos muito felizes nesse período e tivemos uma relação maravilhosa. Não falamos antes, pois não sentíamos que precisávamos dar explicações. Estamos amigos agora, torcendo um pelo outro.
P. – Quando você falou que tinha um relacionamento aberto, o interesse por sua vida aumentou?
B. F. – Sim, passei o ano recebendo mensagens, comentários. Muita gente perguntava por qual motivo eu não publicava passeios com ele, mas nunca fomos esse casal que posta tudo. Éramos discretos, e por isso que virou notícia nacional.
P. – Sua vida privada ser ‘notícia’ te incomoda
B. F. – Confesso que ainda não me acostumei com isso, mas a gente simplesmente fez nosso rolê da forma que considero mais saudável, preservando nossa intimidade. No último fim de semana recebi 14 perguntas sobre meu relacionamento e decidi falar de uma vez que já rompemos faz seis meses. Foi até importante para não virar outra coisa, especulações.