Além de cetamina, família de Djidja Cardoso fazia uso de remédio bovino para crescer músculos, diz polícia

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Amazonas prendeu neste sábado (8), em Manaus, o dono de uma clínica veterinária e dois funcionários do local suspeitos de fornecerem medicamentos de uso animal à família de Djidja Cardoso.

Segundo investigações, Djidja e familiares usavam fármacos de forma recreativa, principalmente a cetamina, anestésico com potencial de sedação e propriedades psicodélicas.

Os membros da família, aponta a investigação, também usavam potenay, medicamento hipertensivo para bovinos. O potenay, injetável, eleva a pressão sanguínea e possui vitaminas que fazem crescer o tônus mucular dos animais. A bula do remédio alerta que o uso humano pode causar danos à saúde.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos presos.

A polícia investiga a suposta criação de uma seita, batizada com o nome de ‘Pai, Mãe e Vida’, em que membros da família usavam a droga enquanto assistiam a vídeos religiosos, como as Cartas de Cristo.

Empresária que atuou entre 2016 e 2020 como a personagem sinhazinha do Boi Garantido no Festival Folclórico de Parintins, Dilemar Cardoso, conhecida como Djidja Cardoso, foi encontrada morta em casa no dia 28 de maio, em Manaus, por suspeita de overdose de cetamina. A polícia suspeita que tenha ocorrido o uso indiscriminado da susbtância durante o ritual religioso.

Um laudo do IML (Instituto Médico-Legal) aponta depressão dos centros cardiorrespiratórios centrais bulbares como causa da morte.

A polícia já prendeu dez pessoas por suspeita de envolvimento com o uso da cetamina e os supostos rituais da seita.

Além das três pessoas da clínica veterinária, detidas no sábado, agentes prenderam na sexta (7) o ex-namorado de Djidja, Bruno Roberto Lima, e Hatus Moraes Silveira, que atuava como preparador físico da família, mesmo sem ter formação profissional. Eles são suspeitos de envolvimento com o uso da cetamina.

“Os autores negociavam com o Max e o Sávio, funcionário do Max, a compra das drogas, sendo por vezes auxiliados por Bruno e Hatus”, disse o delegado Cícero Túlio, titular do 1° DIP (Distrito Integrado de Polícia), responsável pela investigação.

O advogado Mozarth Bessa, que representa a defesa de Hatus Silveira, afirma que ele foi chamado pela família em janeiro, quando o uso das substâncias, segundo ele, já havia deixado os membros com fraqueza muscular, incluindo Djidja.

Hatus, que não tem registro de nutricionista, nem de educador físico, recomendou treinos e dietas, mas “caiu fora”, segundo o advogado, quando percebeu o uso indiscriminado da cetamina.

Ex-fisiculturista, Hatus, segundo o advogado, faz uso diário do potenay e ensinava pessoas próximas a usar o medicamento. Ele aplicava potenay no momento em que policiais chegaram à casa para prendê-lo, na sexta (7).

O advogado Luke Pacheco da Silva, que defende Bruno Roberto, afirmou em nota que o ex-namorado de Djidja chegou a usar cetamina, mas parou.

“Através de consulta médica foi explicado o mal extremo que lhe poderia causar. Desde então, Bruno Roberto passou a lutar contra o vício, evitando ir à casa de Djidja e passou a tentar convencer Djidja a parar de fazer uso”, disse. O advogado, contudo, disse que Bruno “desconhece a existência de seita”.

A mãe de Djidja, Cleusimar Cardoso Rodrigues, 53, e o irmão dela, Ademar Farias Cardoso Neto, 29, foram presos no dia 30, por suspeita de participação na suposta seita.

Ademar, irmão de Djidja, é apontado pela polícia como responsável pelo aborto de uma ex-namorada que era obrigada a usar a cetamina e sofria abusos sexuais quando perdia a consciência. O advogado Vilson Benayon, que representa a defesa de Cleusimar e Ademar, nega a informação.

O advogado afirmou que pleiteia o atendimento com um médico psiquiatra. Na sexta (7), materiais biológicos foram coletados para realização de exame toxicológico.

“Estão presos há mais de uma semana e sem atendimento adequado, como determina a lei. Hoje nossa principal preocupação é com a saúde dos acusados”, disse.

Também foram presos três funcionários do salão Belle Feme, uma rede de beleza que pertence à família.

Segundo a polícia, os funcionários do salão induziam pessoas a se associarem à suposta seita.

A polícia investiga se a família de Djidja usava o salão de beleza para comprar produtos veterinários, como cetamina, para uso recreativo. Investigadores suspeitam ainda que a família planejou alterar o rol de atividades da empresa na CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) para incluir um petshop e, assim, facilitar a compra das substâncias.

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