NELSON DE SÁ
PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – O vice-presidente Geraldo Alckmin, em visita a Pequim, nesta terça-feira (4), à frente de uma comitiva de ministros, negou que vá definir na viagem a entrada do Brasil na Iniciativa Cinturão e Rota, um projeto chinês para investimento em infraestrutura pelo mundo.
“Esse é um tema que faz parte do debate, da pauta, da discussão”, afirmou ele, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
A afirmação foi uma resposta ao líder do PT na Câmara, José Guimarães, que havia publicado em mídia social no domingo que Alckmin e a delegação viajaram “à China para finalizar a inclusão do Brasil na Cinturão e Rota”. O vice-presidente deu a declaração no fim do dia, na embaixada do Brasil.
Antes, pela manhã, o chefe do Departamento Internacional do Partido Comunista da China, Liu Jianchao, afirmou durante intervalo num fórum com parte da delegação brasileira que seu país “quer muito, quer muito” que o Brasil entre na BRI (sigla em inglês para o projeto).
Respondendo em inglês às perguntas, disse não haver prazo. “Aguardamos a decisão do governo brasileiro. Nós só relatamos quais benefícios a Cinturão e Rota vai trazer para as corporações chinesas e brasileiras e também para o desenvolvimento do Brasil. Não estamos impondo.”
Durante sua fala em chinês no evento, segundo a tradução simultânea da própria organização, afirmou aguardar “ansiosamente a adesão do Brasil”.
O vice brasileiro e outros cinco ministros, entre eles Rui Costa, chefe da Casa Civil, estão em Pequim para o encontro da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação), que também mobiliza empresários brasileiros e chineses.
Como ministro, Alckmin comanda o programa Nova Indústria Brasil, que visa reindustrialização, enquanto Costa responde pelo Novo PAC, voltado para infraestrutura. Ambos e suas equipes devem buscar, em reuniões até sexta-feira, maior integração com a Iniciativa Cinturão e Rota.
Mas há pouca expectativa de uma definição agora sobre essa e outras questões da relação econômica bilateral, devido à visita de Estado do líder Xi Jinping a Brasília, prevista para novembro, antes ou depois do encontro do G20 no Rio de Janeiro.
Também na comitiva, Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, setor que concentra muito do comércio com a China, afirmou já ter “algumas coisas em alinhamento”, citando ações de abertura do mercado para suínos, uva e noz pecã do Brasil. Mas sua percepção é que “os anúncios importantes” podem ser deixados para a cúpula Lula-Xi.