(FOLHAPRESS) A poeta mineira Adélia Prado acaba de ser anunciada como a vencedora do prêmio Camões, o mais importante reconhecimento da literatura em língua portuguesa.
A distinção vem uma semana depois de ela ganhar o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, que também seleciona autores pelo conjunto da obra.
A escritora de 88 anos anunciou recentemente sua volta à literatura depois de mais de uma década do que classificou como um “deserto criativo”, com uma nova coletânea, “Jardim das Oliveiras”, pela Record.
A escolha rompe uma tradição do Camões: o prêmio costuma alternar entre escritores brasileiros, portugueses e de países africanos lusófonos. Dessa vez, a escolha da mineira vem apenas dois anos depois da seleção de outro mineiro, o crítico literário Silviano Santiago.
No ano passado, o ganhador foi o português João Barrento, um nome menos conhecido e mal editado no Brasil. Antes de Santiago, a vencedora havia sido a moçambicana Paulina Chiziane, primeira africana negra distinguida com o Camões –o esperado é que esse ano outro nome do continente fosse premiado.
Em vez disso, a selecionada foi uma das escritoras mais aclamadas do Brasil, marcada por uma poesia que mescla o teor religioso do catolicismo que marcou toda a sua vida e uma refrescante liberdade para falar de temas de sua intimidade.
Desde sua estreia com o elogiado “Bagagem”, de 1976. a autora se lançou como nome incontornável da poesia brasileira. Venceu o prêmio Jabuti com sua obra seguinte, “O Coração Disparado”, publicada dois anos depois, e seguiu cativando leitores até a coletânea “Miserere”, de 2013. Desde então, sua obra ficou em silêncio.
“Fui resgatada pela própria poesia”, contou a escritora, no ano passado, à coluna Painel das Letras. “Encontrei, em gavetas, poemas escritos na tenra juventude e, para minha surpresa, eles estavam em sintonia com minha experiência atual e desencadearam a ideia desse livro.”